segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sou intérprete?



Sabe quando bate aquela dúvida quando alguém te pergunta: Você é intérprete de LIBRAS? .... segundos de silêncio...

Calma! Na verdade, existe uma dúvida geral sobre quem considerar ou não intérprete, pois afinal, existe uma desinformação sobre esse universo "surdo" que engloba sua língua. Em grande parte dos casos, pessoas com certificados informais, que cursaram apenas curso livre, se desenvolveram com o tempo, com a prática e com o convívio com o surdo, tornando-se fluentes na língua.
O mesmo a se pensar, por exemplo, sobre uma pessoa que muito mal cursou um curso de inglês em sua cidade mas foi morar 1, 2 ou 3 anos nos Estados Unidos. Obviamente, essa pessoa voltará com o "inglês" muito melhor que muitos de nós, que ralamos 5 ou 6 anos no cursinho de idiomas. Claro que, essas pessoas não fez um curso superior em Letras ou em tradução e interpretação, mas pode sim, ser consideradas aptas para desempenhar essa função em alguns casos.

Maaaaas, como vivemos numa sociedade regrada e ordenada (pelo menos na teoria), existem alguns requisitos para que alguém seja, de fato, nomeado intérprete, veja:

1 - O intérprete deve ser apto para traduzir tanto do português para LIBRAS quanto vice-versa. Alguns ignoram a importância da habilidade em versão - voz. Bem como, incluir a comunicação com surdos-cegos em suas habilidades.

2 - Ter uma formação que se enquadre dentro do artigo 4 da Lei nº 12.319/2010.

3 - Ter seu certificado convalidado por uma das instituições referidas no inciso III do artigo acima.

4 - Observar os padrões estabelecidos no código de ética do intérprete.

5 - Opcionalmente, participar do exame de proficiência em LIBRAS - PROLIBRAS que será aplicada, pela última vez, em 22 de dezembro de 2015, segundo artigo 5 da mesma Lei.

Então? Percebeu que alguns desses aspectos fugiam ao seu conhecimento? Então, aproveita agora para atualizar suas informações e se enquadrar nos requisitos básicos para que vc seja considerados um interprete sem peso na consciência.

Segue uns links interessantes:

código de ética e a lei 12.319: http://ivanguiainterprete.blogspot.com.br/2013/02/codigo-de-etica-do-interprete-de-libras.html

associação dos profissionais intérpretes: http://www.apilrj.org.br/index.html

Abraços..

domingo, 28 de junho de 2015

LIBRAS não é mímica.

Não sei porque muita gente acha que Libras tem alguma coisa a ver com mímica. Não, não tem.

Existe uma ferramenta na Libras conhecida como CLASSIFICADORES que são conjuntos de elementos visuais, entre os quais se podem encontram e definir relações para a visualização da imagem mental.

Ao se comunicar com um surdo, aqueles que pouco sabem Libras fazem gestos aleatórios e até mesmo dizem que o intérprete está fazendo mímica para o surdo. Opa! Não é assim. Se em algum momento o intérprete fez algum sinal desconhecido, muito provavelmente ele estava classificando aquela parte da conversa com o objetivo de "montar" e estruturar iconicamente o que deseja ser passado para o surdo. Os sinais icônicos são aqueles que representam um aspecto físico do objeto a ser passado. Até mesmo algumas palavras como verbos são adaptadas ao que se referem, por exemplo: o sinal de andar, embora no português haja apenas uma palavra para se referir ao andar de uma pessoa, de um gato ou de uma cobra, na Libras esse sinal sobre modificações para se adaptar ao objeto. Um cachorro ou um gato não anda apoiado em dois membros como uma pessoa, por isso, será representado de uma forma diferente; uma cobra não possui pernas nem patas, rasteja, por isso, o sinal de andar para um cobra também será adaptado à forma dela se locomover.

Tudo isso pode fazer com que pensem que os sinais icônicos são resquícios de mímica, mas não são. O sistema de classificação pode ser assemelhar no português, ao que seriam as classes gramaticais.

FIQUE LIGADO!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Surdo - Mudo NÃO!

Em muitos casos você pode ouvir: conhece aquele surdo - mudo que mora perto da minha casa? Ou, sabe qual o nome do surdo - mudo que está indo lá na igreja?
Para vocês que possuem este hábito, saibam que essa terminologia está ERRADA. Os surdos não são surdos - mudos (a não ser que realmente possuam deficiência na fala).
Mas os surdos não possuem deficiência na fala? Eles falam estranho...

Vamos, então, por partes!

* O que seria uma pessoa surda?

No decreto de lei n° 5626 de 22 de dezembro de 2005 encontramos:
Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.
Parágrafo único: Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

Ou seja, uma pessoa considerada surda possui apenas deficiente auditiva, e não, na fala.

* O que seria uma pessoa muda?

O mudo é a pessoa que sofre de mudez ou afonia, que se refere à uma incapacidade de produzir a fala devido à problemas nas cordas vogais, língua, boca, pulmão etc.

Uma pessoa surda possui uma DIFICULDADE (e não incapacidade) de produzir sons ordenados e bem articulados como os ouvintes, pois o processo de assimilação da fala se dá mediante o ouvir. Uma criança, em seu desenvolvimento linguístico, passa por dois estádios: o pré-linguístico e o linguístico. Neste último é quando ocorre a maturação do aparelho fonador da criança e com sua aprendizagem anterior, ela começa a dizer suas primeiras palavras. Nessa etapa,como não há conhecimento prévio do sons emitidos pelos seus pais, a criança atinge o estádio linguístico sem completo preparo para iniciar a maturação do seu aparelho fonador. Assim, o surdo cresce com uma dificuldade muito maior de usar sua pregas vogais e articular a língua.
Deste modo, o surdo precisa de terapia fonoaudióloga para a correção de sua maneira de falar, além de necessitar do aparelho auditivo para que haja um contato melhor com os sons.

Porém, infelizmente, nem todo surdo se dedica à terapia e, por isso, permanecem com a fala inadequada. Porém, seu aparelho fonador permanece preservado e pode emitir sons normalmente, ao contrário do mudo.

Ressaltando que os próprios surdos DETESTAM serem chamados de surdos - mudos.
Evite cara feia, chame-os apenas de surdo!!

FIQUE LIGADO.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

LIBRAS - Língua ou Linguagem?

A Língua Brasileira de Sinais, como o próprio nome sugere, é uma língua e não uma linguagem, como muita gente pensa.

A LIBRAS é reconhecida no Brasil, através da lei 10.436 de 24/04/2002 em seu primeiro artigo, como forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Sergundo Margarida Maria Taddoni Petter, professora de Linguística da Universidade de São Paulo (Revista Nova Escola, ed. 252 de 05/2012), a linguagem é a capacidade que os seres humanos têm para produzir, desenvolver e compreender a língua e outras manifestações, como a pintura, a música e a dança. Já a língua é um conjunto organizado de elementos (sons e gestos) que possibilitam a comunicação. Ela surge em sociedade, e todos os grupos humanos desenvolvem sistemas com esse fim. As línguas podem se manifestar de forma oral ou gestual, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Desta maneira, a LIBRAS possui sua gramática completa contendo: fonética, fonologia, morfologia, sintaxe, semântica, etc.
Segundo Cunha e Cintra (2008, p. 41), nas línguas orais, como o Português, “a disciplina que estuda minuciosamente os sons da fala, as múltiplas realizações dos fonemas, chama-se fonética. A parte da gramática que estuda o comportamento dos fonemas numa língua denomina-se FONOLOGIA."
Já nas Línguas de Sinais, a Fonética e a Fonologia estudam as unidades mínimas que forma os sinais e que isoladamente não apresentam nenhum significado (QUADROS & KARNOPP, 2004).
Assim, a fonologia da LIBRAS contem aspectos fundamentas que norteiam a execução de um sinal, a saber: configuração da mão, movimentação, localização da mão, orientação da mão e expressão.
E todos os outros níveis linguísticos possuem complexa estrutura e, claro, a LIBRAS possui diversos itens lexicais que formam o seu "vocabulário".

Uma linguagem de sinais é na verdade compreendida como mímica, gestos organizados porém não tão bem estruturados linguisticamente. A linguagem não-verbal pode ser: placas de trânsito, linguagem corporal (expressões, coreografias), figuras etc.
Uma linguagem não possui todos os níveis línguisticos básicos para serem reconhecidas como uma língua oficial, por isso a LIBRAS não é uma linguagem, afinal, ela possui todos os níveis linguísticos requisitados.

FIQUEM LIGADOS!

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Vem aí...

Olá amigos!!

Há alguns anos atrás eu fiz esse blog com objetivos diferentes dos quais me levam a voltar aqui hoje. Estou com um novo projeto e decidi utilizar este blog para esta outra finalidade. Porém, postagens anteriores não serão desfeitas simplesmente porque tenho peninha hahahahaha... afinal o que eu tinha de opinião no passado não mudou tanto e minha vida Cristã permanece firme e forte. Todos os posts antigos ficarão disponíveis para apreciação dos curiosos, mas, este post marca a divisão do blog antes e depois do NA MÃO.

Oi? NA MÃO?

Sim, heeeeee!
Este é o novo nome do blog que está associado à um canal no Youtube e à uma Fanpage no Facebook. Aqui (e lá nas outras fontes) serão postadas dicas, sugestões, conselhos, curiosidades e muitas outras coisas a respeito da Língua Brasileira de Sinais. De maneira bem-humorada, dinâmica e alegre, vou compartilhar esse universo "surdo" com vocês que curtem isso, sendo ou não atuantes em alguma igreja, pois LIBRAS é para todos.

Meu desejo é que este projeto contribua para termos um povo mais aberto para a cultura surda e tudo o que isto implica.

Então.. mãos a obra, vamos lá!
:D

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O céu chegou pra mim.

1997 - Eu ainda era criança e só tinha 7 anos. Meu pai alugou um filme, chamado Twister. Eu, como sempre, assiti com bastante atenção. Gostava muito de filmes mas com esse o sentimento foi um pouquinho incomum. Com ele eu percebi que quando eu crescesse eu queria fazer algo daquele tipo. Todos riram, diziam: "Vai virar caçadora de tornados, menina?"
Ok! Eu deixava as pessoas rirem e zuarem. Afinal, eu sabia que eu não seria um caçadora de tornados. Eu apenas queria ser uma estudante do tempo (até então não sabia que isso se chamava meteorologia). Assisti mais umas 300x o filme.

2001 - 11 anos. Eu descobri o termo METEOROLOGIA. Estava super decidida, era isso! Comecei a fazer planos e pesquisas. Descobri que só havia este curso na UFRJ.
Conversei com meus pais sobre a possibilidade. Eles pensaram que até os 18 anos isso iria mudar.

2005 - 15 anos. Fui estudar onde sempre quis, CEFET Campos. Fiz curso técnico em automação, mas estava ainda no 2º módulo quando o terceiro ano acabou. O que fazer?
Não poderia largar o curso para ir para o Rio. E meus pais ainda não aprovavam. Readaptei meus planos.

2008- 18 anos. Passei no vestibular para Engenharia de Controle e Automação no IFF Campos (CEFET).
Até então, minha intenção era fazer apenas os 2 primeiros anos e depois ir para a URFJ e pedir reaproveitamento de disciplina... mudei de idéia no terceiro período quando fui transferida para o Campus Macaé. Novamente tive que repensar meu planejamento.

2012- 22 anos. Último período da faculdade, possibilidade de um mestrado. Fui à internet pesquisar. Descobi: Mestrado em Meteorologia na UFRJ, com linha de pesquisa de Engenharia aplicado à Meteorologia. E possivelmente um doutorado em Engenharia Meteorológica no LENEP.

Orei ao Senhor e disse: Pai, por favor, que seja agora, preciso muito, é meu sonho. Mas que seja feita sua vontade, irei apenas me inscrever!

23/11/2012 - Enlouquecida para fazer a inscrição, quando tudo parecia que iria dar errado por causa de documentação, eis que tudo dá certo!

04/12/12 - Exame de proeficiência em Língua Inglesa. Esta seria ano Rio, mas depois de muito insistir, consegui fazer em Macaé. Uma mulher me ajudou muito e alocou um lugar para mim na véspera da prova às 20h. Foi até lá, fiz. Agradeci à Deus, pois vi que ele estava agindo.

17/12/12 - Resultado Final: ACREDITE SEMPRE NOS SEUS SONHOS, POR MAIS QUE AS PESSOAS AO SEU REDOR NÃO ENTENDAM, POR MAIS QUE PAREÇA COMPLICADO E INUSITADO. COLOQUE DEUS À FRENTE, ORE, CONFIE. DEUS NUNCA FAZ ALGUÉM POR ACASO. SE ELE TE FEZ GOSTAR DE MÚSICA, VÁ ATRÁS DELA. SE ELE TE FEZ GOSTAR DE ESCREVER, PUBLIQUE SEU LIVRO, SE ELE TE FAZ CHORAR QUANDO OLHA PARA O CÉU, CHAME O CÉU PARA VOCÊ! ISSO TUDO É MUITO MAIS QUE UM MESTRADO, É MEU SONHO DE 15 ANOS, MEU SONHO ESTÁ DEBUTANDO, TALVEZ FOI POR ISSO QUE DEUS ME FEZ ESPERAR, TERIA QUE SER NUM MOMENTO ESPECIAL.

OBRIGADA SENHOR JESUS!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

397 anos, Cabo Frio.


Poucas cidades unem tantas coisas boas quanto Cabo Frio.
Hoje,13 de novembro, a 7º cidade mais antiga do País completa 397 anos. E ao contrário do que muitas pessoas pensam, Cabo Frio não é apenas um local turístico. Por isso, vou esclarecer aqui alguns pontos relevantes desta cidade para a história do Brasil.

Muitos antes disso, há uns 6.000 anos, nômades aportaram aqui no litoral e se estabeleceram, formando as tribos indígenas que existiam na região quando os portugueses chegaram.

Com a descoberta do Brasil, muitos navegadores vinham em expedições desbravar o território. Cabo Frio surgiu pela necessidade de proteger o Brasil da invasão de franceses. Por isso, foi a primeira feitoria do país e umas das poucas cidades que hoje possui um Auto de Fundação (documento tipo certidão de criação). Pertencia à capitania de São Vicente/SP e seu território se estendia do Arraial do Cabo até Campos.

Rica em Pau-Brasil e outras madeiras de lei, Cabo Frio era extremamente explorada e importante. Por isso, foi criado o Forte São Matheus para defesa do local. Esta, juntamente com a casa erguida no Morro da Guia, serviam também para alertar a então Capital, Rio de Janeiro, sobre as chegadas das embarcações.
Cabo Frio era a cidade braço direito do Rio, e vivia para a exploração indígena, marítima e natural que a Coroa Portuguesa almejava.

Com a elevação de São Vicente à vila, Cabo Frio se tornou uma Capitania que anexou a Capitania de Sao Tomé, se tornando assim um enorme território. Os primeiros Colonos se estabeleceram aqui, muitos engenheiros e artistas vinham da Europa para residir em Cabo Frio. O local foi desenvolvendo, os franceses até conseguiram invandir e erguer um forte, mas logo foram derrotados. Os índios eram catequisados e praticavam a pesca para o comércio, pois em 1653 uma lei foi sancionada para escraviza-los.
Após isto, a indústria de Sal de Portugal entrou em crise, por isso, deu-se início à valorização do sal comercializado na nossa Lagoa de Araruama, impulsionando a economia local.

Nesta época, muitos animais eram capturados e levados para a Europa. Cabo Frio possuía uma enorme diversidade de fauna e flora. Isso causou muito interesse dos Holandeses que também sempre tentaram invadir o Brasil. Assim, as primeiras experiências e publicações científicas sobre o Pau-Brasil foram realizadas por estes holandeses que estiveram aqui em visita.

Nesse meio tempo, muitos negros de Moçambique aportaram aqui para serem usados como mão de obra. Foram então explorados antes e durante o período da escravidão.
Assim a região foi sendo cada vez mais habitada, e tendo sua economia aquecida.
Apesar disso, territórios foram sendo perdidos, como por exemplo, a cidade de Campos dos Goytacazes foi a primeira a se emancipar. Muitos negros foram para lá para trabalhar no plantio da Cana-de-açucar.

Com o andar natural da história, os municípios foram sendo criados e a nação foi se organizando. Cabo Frio então se tornou um município menor, porém, não menos importante. Continuou ativa na indústria da pesca e na exploração incessante de madeira.

Óbviamente, por sua beleza, acabou se tornando um ponto de referência no que tange turismo; e hoje recebemos visitas de milhões de turistas anualmente.
Possuímos 10 praias, localizadas no mar e na lagoa, e 6 ilhas. Possui uma das areias mais brancas do litoral, o mar tem aspecto límpido e transparente.
Já foi considerada a cidade mais limpa do Brasil e é indicada por médicos para pessoas que fazem tratamentos pulmonares. Seu índice de violência ainda é considerado baixo se comparado à outros locais, e está bem próximo da Capital e de cidades industrias como Macaé.
Temos um forte comércio e um potencial muito grande para alçarmos vôos mais altos.

Claro que ainda precisamos desenvolver muito no aspecto "emprego", "mercado de trabalho" e "educação", porém não podemos esquecer do valor histórico do nosso município. Fomos considerados o berço da civilização brasileira, possuímos diversos sambaquis e somos ricos arqueológicamente falando.
Recomendo a leitura do livro: Catálogo Histórico de Cabo Frio, escrito por Lindberg Albuquerque Brito; para que abramos nossas mentes para o fundamento da cidade.

Feliz aniversário, CABO FRIO!